Resumo Completo de Os 120 Dias de Sodoma
Ambientação e Personagens
A história se passa em um castelo isolado nos Alpes Suíços, onde quatro homens extremamente ricos e poderosos — o Duque de Blangis, o Bispo, o Presidente de Curval e Durcet, um financista — decidem realizar seus desejos mais sombrios e libertinos, longe dos olhos da sociedade.
Eles sequestram 36 pessoas, incluindo adolescentes, empregados e prisioneiros, para servir como vítimas e cúmplices. As vítimas incluem 16 jovens (meninos e meninas) selecionados por sua beleza e inocência. Para auxiliá-los em seus atos, eles contratam quatro prostitutas idosas, cuja função é narrar histórias eróticas para inspirar os atos depravados.
Estrutura do Livro
A narrativa é organizada em quatro seções, cada uma representando um mês de tortura e exploração. O livro é uma combinação de narrativa descritiva e listas minuciosas de atos transgressivos. As ações tornam-se progressivamente mais extremas e violentas ao longo da obra.
- Primeiro Mês: Luxúria Simples
Neste mês, os protagonistas exploram fantasias sexuais que, embora imorais e repulsivas, ainda estão relativamente “moderadas” em comparação com os atos descritos posteriormente. Eles começam a implementar suas fantasias com base nas histórias narradas pelas prostitutas. - Segundo Mês: Luxúria Complexa
Os atos tornam-se mais elaborados, envolvendo manipulação psicológica, humilhação e exploração emocional das vítimas. As narrativas se concentram em fetiches que começam a ultrapassar os limites convencionais. - Terceiro Mês: Luxúria Cruel
A violência física entra em cena de maneira mais explícita. Torturas, mutilações e atos de brutalidade são cometidos sem remorso. A moralidade e o senso de humanidade desaparecem completamente. - Quarto Mês: Luxúria Assassina
Este é o ápice da depravação. As narrativas envolvem morte, assassinatos rituais e atos extremos de violência sexual. As vítimas tornam-se objetos descartáveis, e o prazer dos algozes está ligado diretamente à destruição total de seus corpos e almas.
Crítica Social e Temas
Apesar de sua obscenidade, Os 120 Dias de Sodoma é também uma crítica à hipocrisia das classes dominantes, à religião e aos valores tradicionais. Sade retrata os libertinos como representantes de uma elite corrupta, expondo como a busca desenfreada por poder e prazer pode desumanizar completamente o indivíduo.
Os temas principais incluem:
- Liberdade absoluta: O conceito de liberdade é explorado de forma extrema, mostrando como a ausência de limites pode levar à perversidade e ao caos.
- Desumanização: As vítimas são tratadas como objetos, destacando a objetificação do ser humano por aqueles em posição de poder.
- Hipocrisia social: Sade critica a hipocrisia das instituições religiosas, políticas e sociais que pregam virtudes enquanto praticam atos imorais.
Conclusão
O manuscrito de Os 120 Dias de Sodoma foi considerado perdido por muito tempo, mas acabou sendo redescoberto e publicado no início do século XX. Desde então, a obra tem dividido opiniões: é vista por alguns como uma denúncia da crueldade e hipocrisia humanas e por outros como um texto profundamente imoral e inaceitável.
Embora seja uma leitura difícil e chocante, a obra levanta questões importantes sobre os limites da liberdade artística, a exploração do poder e os aspectos mais sombrios da natureza humana. É um texto tanto fascinante quanto perturbador, que continua a gerar debates intensos sobre sua relevância literária e ética.